À Deriva além de ser um dos primeiros contos que li desde que retomei de fato o hábito da leitura, é também o primeiro que li do autor, considerado um Poe sul-americano.

Eu tendo a favorecê-lo um pouco por causa disso, o conto é conciso, intrigante e interessante, mas é… demasiadamente simples. Alguns até consideram essa a história mais fraca do Quiroga, o que me dá uma certa ansiedade para ler as suas próximas; prefiro sempre adentrar nelas não sabendo nada, e não esperando nada, do jeito que eu fiz com essa. Acho que torna a experiência um pouco mais aberta e interessante.

O conto trata de um homem picado por uma cobra e seus últimos minutos de vida, talvez por isso Quiroga tenha-o escrito de maneira mais simplista e acelerada, para tentar nos passar a mesma sensação de urgência sentida pelo personagem principal do conto ao tentar se salvar.

No geral, é simples, mas é bom, principalmente pelo fato do autor conseguir explorar a psique do último momento de um homem, e passar uma aura única com pouquíssimas páginas. Paulino vai progressivamente perdendo a força e as sensações corpóreas até se entregar às recordações, para enfim seguir à deriva, sem vida. ( )

CUENTOS URUGUAYOS - SIGLOS XIX-XX