Fr. Charles Arminjon (1824–1885)

"We have no other purpose than to turn souls away from the limited concerns of time, and raise them up to the thought and desire of the good to come".

Não tenho dúvidas de que, à época de sua publicação - meados do século XIX -, o livro do Pe. Arminjon deve ter provocado um grande rebuliço àquelas almas mais sensíveis, despertando-as de sua letargia espiritual. A própria Sta. Terezinha de Lisieux, a florzinha de Jesus, recebeu grande influxo de graças celestiais por conta da leitura da brochura do Pe. Arminjon.

E hoje? De posse de um livro que fala dos "novíssimos" - as últimas coisas que acontecem ao homem: morte, juízo, céu, inferno -, como as pessoas reagem? Despertam de seu sono profundo? De sua estupidez rotineira? Acho muito difícil. O mundo moderno, o mundo da alta tecnologia, do metacapitalismo, dos relacionamentos virtuais, do show business, etc. é concebido especialmente para desviar a atenção, para fazer com que não atentemos para o que realmente importa - a única coisa que importa. Wolfgang Smith, em algum artigo cujo título não me recordo, fala do "demônio da distração" - sim, ele tem toda razão. O demônio da distração é o mais presente, o mais atuante, nos dias que correm, pois basta conviver com as pessoas em torno que se percebe, sem maiores dificuldades, que elas prestam atenção à tudo, menos ao fundamental. Estão, como dizer?, distraídas da realidade concreta, bruta, da vida.

Pe. Arminjon não conheceu o nosso tempo; tempo este que realizou o dito de Heráclito: os homens, quando despertos, estão todos no mesmo mundo; quando dormem, cada qual vai para o seu próprio. É o que ocorre em nossa época: estamos todos dormindo, vivendo cada qual em seu mundo de sonhos.

No entanto, a despeito disso, a realidade continua aí. Os homens vivem em seus mundos de sonhos por sua própria conta e risco. Em algum momento, mais cedo ou mais tarde, o preço por essa distração será cobrado. E será caro.… (meer)