Fausto Fawcett

Diário do proto playssom meia-idade carioca da zona sul, Fausto Fawcett e sua semana vendo TV, comendo sanduíches de pernil no Cervantes, observando gatinhas, bancando de macho, curtindo com sua amante no apê e por aí, passeando pelo Leme, atirando aleatoriedades de sensibilidade pop experimental no leitor. Tem seus bons momentos, geralmente conjunções inesperadas de besteirol e perspicácia, mas é um livro para quem ainda consegue, no momento de leitura, embarcar parcialmente na figura do macho década de 90 pra 2000.

O CD que acompanha é brega, acentuando o vocabulário de fetiche de homem caçador, que me soa vergonha alheia hoje em dia, e não tem a força de um belo disco como "Império dos Sentidos".

No fundo, terminando de ler a obra publicada do Fawcett, aqui a proximidade com sua pessoa é um pouco além da conta, dando consistência a um certo conservadorismo da loucura neo-liberal cyber punk carioca zona sul, que nas duas obras primas, a "Santa Clara Poltergeist" e "Básico Instinto", é bloqueado pelo fluxo intenso de absurdo narrativo e condensação de imagens poderosas.… (meer)

Jornada anarco-capitalista pop acelerada passada numa hiper conurbação (Favelost) futura entre Rio e São Paulo, a traçar caótica e arbitrariamente a trajetória dos dois protagonistas, que precisam se encontrar para transar e assim desarmar o veneno que lhes acomete. Fawcett escreve com uma metralhadora de loucuras, entre a baboseira e a genialidade, sem muito critério de como passar de uma a outra. Embora os protagonistas não ajudem muito, nem os sonhos de macho de Copacabana, que aqui aparecem como uma obsessão deslocada, datada, meio feia, Favelost vale pela exploração cyberpunk hiberbólica maluca.… (meer)

Em uma série de episódios pop-nonsense o Duo Fugitivo Sound sai para a Amazônia pra surfar na pororoca rave e captar sons de fundo do big bang, encontrando diversas facetas do submundo verde. Entretanto, a doideira e a repetição obsessiva de temas, sempre presentes em outros livros do autor, soam aqui superficiais demais, soam como besteirol. Todas são en passant e não a despersonalização do duo tampouco contribui. Não senti que há sacadas que amarram as coisas numa descrição mais arguta, em algo que fale sobre o Brasil, como nos clássicos Básico Instinto e Santa Clara Poltergeist. Ademais, o design pop brega do livro não ajuda.… (meer)