Mark McLelland

Coletânea de artigos sobre a internet no Japão, no começo dos anos 2000 (mais ou menos 1999-2003), que por isso acaba sendo um documento histórico curioso sobre como diferentes locais do mundo lidaram com o surgimento da internet. E isso tanto em termos de elementos comuns (não cumprimento do entusiasmo revolucionário descentralizador, problemas organizacionais, favorecimento do anonimato, facilitação de tentativas de internacionalização, disponibilização de conteúdo, criação de canais de comunicação para marginalizados e fragilizados, criação de canais dúbios de propaganda para políticos etc) quanto das diferenças. E é claro, essas diferenças que tornam o livro interessante. O fato de que os japoneses foram "a tribo do polegar" já nesses anos, com a maioria dos usuários acessando via celular, em sites já direcionados para esse meio (a maioria já de cara comerciais e com mobilidade restrita), a ligação com a possibilidade de expressão e customização, em uma sociedade que poderia ser por muitos considerada sufocante no seu coletivismo, o reforço dos movimentos reativos contra ações discriminatórias, das mulheres e de minorias, a ênfase no bom comportamento, mesmo em sites para encontros de sexo casual homossexual em lugares públicos, as dificuldades de criação de vínculos inter-generacionais etc. Os capítulos mais interessantes, ao meu ver. De longe o mais surpreendente: aquele sobre a minoria Burakumin, capítulo 13, pela própria Nantte Gottlieb; também os 7 e 10 sobre movimento feminismo (por Junko Onosoka) e sobre encontros sexuais gays (Mark Mclelland).… (meer)