Numa obra tão breve quanto esta, obra que fala de muitas heresias, conhecidas e desconhecidas, heresias que abalaram a ortodoxia cristã ao longo da sua existência de dois milénios, alguma coisa tinha de ser sacrificada a tal brevidade.
Uma delas, e talvez a mais importante, foi a contextualização das diversas heresias, o que limita muito a respectiva compreensão. Por outro lado, o essencial, o que é intrínseco a cada heresia, está aqui exposto. Pode-se utilizar esta obra como dicionário / enciclopédia das heresias cristãs, apesar do seu índice muito simplificado e da falta de um índice remissivo ou analítico.
O seu carácter revolucionário, anti-conformista e contra-corrente faz dela uma leitura interessante pela novidade que certas ideias apresentam. É uma obra que desfaz o cerne do cristianismo, identificado por Hans Küng como a figura de Cristo, não porque negue a historicidade de Jesus, mas porque multiplica os Cristos fazendo do Cristianismo um sincretismo desses vários “cristianismos”, sendo, portanto, um produto do século II. Por isso mesmo deve também ser usada com cautela.
Pena alguns erros crassos como fazer dos Árabes conquistadores do Norte de África «pouco depois de 360», ou fazer de Agostinho de Hipona bispo de Cartago; erros que permitem pressupor a existência de outros erros mais subtis e também mais gravosos.
Por tudo isto é uma obra de valor secundário, cuja informação deve ser integrada, comparada e completada com obras de referência. ( )